Este pesado e enorme angorá, branco com malhas louras, era (...)o fiel companheiro de Afonso. Tinha nascido em Santa Olávia, e recebera então o nome de Bonifácio: (...) era o «Reverendo Bonifácio»
.....O aproveitamento da neve e do gelo para usos alimentares (e também médicos) na Península Ibérica parece ser antigo, remontando talvez aos Árabes, mas está documentado que se vendia neve nas ruas de Lisboa já em 1615. .....Quando o rei Filipe III, alguns anos depois, em pleno verão, visitou a capital portuguesa, o “neveiro” Paulo Rodrigues foi contratado para “fornecer diariamente 96 arrobas de neve para a corte”. (O monarca devia estar particularmente acalorado, até porque acabara de assistir em Évora ao suplício de quatro homens e oito mulheres, queimados vivos pela Inquisição...). .....O neveiro, ou contratador da neve, era encarregado de abastecer deste desejado e refrescante produto as lojas de Lisboa e a própria corte. No começo, aproveitou-se a abundante presença de neve nas montanhas do reino. Mas, com o passar dos anos, foram criadas nas serras de Portugal várias “fábricas de gelo”, conjuntos de edifícios destinados a incrementar e organizar racionalmente a produção. .....A planta de uma destas fábricas, uma aguarela portuguesa do século XVIII, encontra-se na Divisão de Iconografia da Biblioteca Nacional, catalogada com o nome de “Fábrica de Neve”. Com toda probabilidade trata-se da planta da Real Fábrica de Gelo de Montejunto, a 60 km a norte de Lisboa e a 500 metros de altitude, cujas ruínas ainda hoje são objecto de visita. .....Construída pelos frades dominicanos na primeira metade do século XVIII, a obra foi reedificada em 1782, e funcionou até finais do século XIX. A planta mostra a fábrica no seu momento áureo, com a área de extracção da água – dois poços e uma lagoa - a área de fabricação do gelo – dois conjuntos de tanques ou tabuleiros de congelação - e a área de depósito do gelo – um edifício com três poços de armazenamento. .....O que essa aguarela não mostra é o trabalho de dezenas de operários que, a partir do mês de Outubro de cada ano, eram encarregados de encher diariamente de água os tanques e de recolher, antes do nascer do sol, o gelo formado. Partidas as placas, os fragmentos eram amontoados e prensados para depois serem armazenados nos poços, em forma de blocos. Chegado o Verão, os funcionários envolviam com palha os blocos, que eram levados no dorso de animais até à base da serra, seguindo depois em carroças até ao Tejo, onde embarcavam em barcos à vela, os chamados “barcos da neve”, até chegarem a Lisboa, com prioridade absoluta de passagem. .....Aqui, a água gelada, servida em recipientes de barro, era uma guloseima cortesã das lojas dos doceiros ou dos salões nobres. E foi assim que D. José I, D. Maria I, seu filho, o príncipe D. João, e o Marquês de Pombal puderam aliviar o sufocante calor do verão lisboeta, saboreando também deliciosos sorvetes, os primeiros dos quais feitos por um sorveteiro italiano, precisamente com o gelo de Montejunto.
Real Fábrica de Gelo de Montejunto
Planta da Fábrica de Gelo
Esculápio
O Bastão de Esculápio (nome em latim para o grego Asklépios). Asklépios era filho de Zeus, mas, durante a gravidez de seu filho, sua mulher, uma mortal, foi assassinada. Assim, Zeus, vendo-a na sua pira funerária, arrancou-lhe o filho do ventre e entregou-o ao centauro Quiron para que ensinasse ao seu filho a arte de curar. O menino Asklépios aprendeu depressa a arte e logo ultrapassou o seu mestre. Tornou-se tão hábil que, diz a mitologia, podia curar os mortos. Tornou-se então o deus da medicina. Numa das suas visitas a pacientes, no seu templo, uma serpente enrolou-se no seu cajado. Apesar do esforço para a retirar, a serpente tornava a enrolar-se no cajado onde permaneceu. Asklépios, que era o deus da medicina, teve em seu cajado com uma serpente enrolada, o símbolo da actividade médica.
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